Entrevista na blogosfera

28 novembro 2005

... a uma das autoras que farão parte do nosso livro. Aqui.

Publicar a lista dos trabalhos rejeitados?

21 novembro 2005

O Octávio Aragão sugere nos comentários que publiquemos uma lista com os trabalhos que não aceitámos na antologia. Devo dizer que compreendo a curiosidade, também gostaria de ver essa lista publicada. Mas não o vou fazer: a divulgação dos contos não aceites nunca fez parte das regras, e pode haver autores que não fiquem muito contentes por ver os seus trabalhos assim expostos, o que é uma posição inteiramente respeitável.

Por isso, a resposta que eu dou ao Octávio é a seguinte: estamos dispostos a divulgar uma lista com os títulos de todos os trabalhos não aceites, cujos autores nos manifestem a sua concordância com essa divulgação. Por mim, posso divulgar já os meus. Quem o quiser fazer também poderá manifestar essa vontade nos comentários (ou via email) e este post será alterado em conformidade.

Wolmyr Alcantara
- Dejà vu
- O oceano é um só
- Reunião de família

Octávio Aragão
- A Carne do Império
- As Mãos Vermelhas de Isolda

Jorge Candeias
- Aniversário
- Em busca das cabeças perdidas

"Europa"
- O Oásis

Alexandre Heredia
- O Toque Invisível

Carlos Orsi Martinho
- Campo Total

Carlos Patati
- A Estação das Brumas

Gerson Lodi-Ribeiro
- As Praias Vazias de Jokerman

Ana Cristina Rodrigues
- A Morte do Temerário
- O Templo do Amor

João M. S. Silva
- A Mansão
- M. R. O.
- O Templo

Sobre os trabalhos não aceites

Quem de 71 tira 16, fica com 55. Este bocadinho de informação básica e lapalissiana pode, apesar disso, servir de ponto de partida para muita coisa.

Atirado assim o número, e sabendo-se o seu significado, fica expressa a única coisa que esses 55 trabalhos têm em comum: o facto de não terem sido aceites por nós para figurar neste projecto. Tudo o resto é diferente. Há uma novela e há contos de 300 palavras, há ficção científica, fantasia, horror e também contos onde não encontrámos nem ficção científica, nem fantasia, nem horror, nem nenhum outro dos ramos do género fantástico e há contos que não nos pareceram de todo publicáveis e outros que só recusámos com muita pena.

Apesar do que ficou dito acima, da variedade, e também daquilo que não nos chegou às mãos, emergem alguns padrões, alguns grupos, tendências ou ausências.

Começando pelo fim: as ausências.

Não recebemos nenhuma FC hard moderna. Embora alguns contos, invariavelmente provenientes do Brasil, tentassem um ambiente hard, todos pecavam por uma muito grande falta de actualidade científica e em nenhum se vislumbravam as mais recentes tendências e descobertas da ciência. Mas se os brasileiros ainda tentaram, os portugueses nem isso. De Portugal não nos chegou um único conto que pretendesse ser FC hard, o que não deixa de ser curioso.

Por outro lado, os contos de FC que, de um lado e de outro do Atlântico, mais eficientemente e mais actualizadamente integraram a ciência e a tecnologia na história mostraram uma abordagem soft ao género, por paradoxal que pareça. Isto é, pode-se dizer que recebemos material moderno que se poderia publicar numa revista como a Asimov's, mas não numa Analog.

Este foi, aliás, um dos motivos mais frequentes de rejeição. Não adianta escrever em 2005 a mesma ficção científica que Asimov e os seus contemporâneos escreviam em 1955 ou 1965, mesmo que o cinema e a televisão estejam hoje a adaptar e reciclar essas velhas histórias. A literatura está muitíssimo mais actualizada. Notámos demasiados escritores a cair nessa armadilha, tantos que este foi um dos grandes padrões a emergir das submissões. E não aceitámos nenhuma destas histórias.

Comparativamente, recebemos muito pouco material das componentes não-FC do género fantástico, com excepção do terror. Entre fantasia, fantástico, surrealismo e história alternativa, recebemos apenas 20 contos, mais quatro que os de terror, menos onze que os de FC (o resto são contos que não achámos enquadráveis no género fantástico). A fantasia, em particular, primou pela ausência, em especial aquela fantasia que mais sucesso tem feito nos últimos tempos. Por um lado foi bom, pois não nos interessaria a n-ésima remastigação do Senhor dos Anéis ou de Dungeons and Dragons, mas não é impossível escrever boas históirias originais no género e essas gostaríamos de ler e provavelmente publicar. Não foi desta.

Também muito escasso foi o fantástico propriamente dito. Já contávamos com essa escassez, dado que a pouca divulgação que o projecto teve aconteceu principalmente entre as pessoas ligadas à FC, fantasia e terror e os escritores que escrevem fantástico (e maravilhoso) se movem tradicionalmente em círculos mais próximos do mainstream. Talvez tenhamos mais material desse em próximas edições, se tudo correr bem.

No que ficou escrito acima, já falei da principal tendência que se nota no material submetido em geral e que muito contribuiu para uma boa parte das rejeições: uma certa "antiguidade", um certo grau de obsolescência. Falei da FC, mas isto não se resume à ficção científica: também em muitos contos de terror notámos essa característica, como se os escritores tivessem receio de assumir uma voz própria e procurassem em vez disso imitar os seus ídolos. O problema é que Poe e outros grandes escritores de terror escreveram há 50-100 anos ou mais e é bom que os seus seguidores modernos não se deixem prender em demasia pelo que eles fizeram.

Tanto mais que até nos pareceu ver talento em várias destas histórias mais "antigas". Talento que poderia e deveria ser melhor aproveitado, em histórias mais sofisticadas, mais libertas de amarras, e por isso mesmo mais fortes.

Em todo o caso, o nível geral das submissões supreendeu-nos pela positiva. Poderia ser editado um livro bastante interessante com os melhores trabalhos que recusámos, mesmo se para isso tivessemos de incluir aqueles que não achámos adequados à nossa proposta, apesar das suas qualidades intrínsecas. Estou a lembrar-me, por exemplo, de uma óptima noveleta que acabou por ficar de fora por ser muito extensa e muito semelhante a uma outra noveleta que achámos um pouco melhor. Ou vários contos que foram recusados por haver outros contos dos mesmos autores que tiveram a nossa preferência. Ou contos que gostámos de ler mas onde não vimos elemento fantástico suficiente.

Tenho a certeza (e a esperança) de que acabaremos por ver vários destes contos em livro, de uma forma ou de outra. E julgo que cerca de metade de todos os trabalhos que recusámos são trabalhos que fariam boa figura em publicações amadoras, em fanzines ou na web. Por isso também os autores que ficaram de fora estão de parabéns. Esta antologia também será vossa. Obrigado.

O que vem a seguir

14 novembro 2005

Nas caixas de comentários vão-se declarando curiosidades sobre uma série de coisas. Dar-vos-emos respostas a tudo durante os próximos dias, numa série de posts com algum desenvolvimento, que estamos a preparar. Este é o primeiro e fala sobre aquilo que, no nosso entender, é o mais importante: o futuro próximo.

Quando contactámos editores, sondando-os sobre a possibilidade de publicação deste projecto nas suas casas, a resposta que recebemos foi sempre a mesma: "façam a antologia e depois mostrem-na". Portanto, foi isso que fizemos. O fundamental foi, claro, escolher os contos, mas o trabalho não acaba aí e é o resto, o que falta, que nos irá ocupar nos próximos tempos.

Isto significa uma série de tarefas: organizar os contos na sequência mais adequada para potenciar o prazer da leitura, escrever uma introdução ou um prefácio e, talvez, escrever pequenas introduções a cada conto. Há aqui coisas que ainda não decidimos (se vale a pena escrever já as introduções individuais para os contos, ou até se vale a pena fazê-las) mas o nosso trabalho prossegue. Há minutos, por exemplo, tomámos a decisão de escrever só uma introdução geral, a meias, em vez de deixar que cada um dos dois organizadores escrevesse a sua.

Entre organizar os contos e escrever a introdução é provável que se gaste uma ou duas semanas (a desvantagem de escrever a meias é que o texto tem de andar para trás e para a frente uma série de vezes até ficar pronto), ou mais se decidirmos introduzir (já) conto a conto. De seguida, mas o mais depressa possível, enviaremos o produto final aos editores. E então voltamos todos à fase de roer as unhas.

Pessoalmente, estou convencido de que qualquer bom editor, assim que ler a nossa proposta, quererá publicá-la. Estou convencido de que não teremos grandes problemas em pôr cá fora este volume. Mas nunca se sabe. A partir de um certo ponto é o editor que tem a última palavra. Foi em boa medida por causa desta incógnita que dissemos nas regras que o projecto poderia ter de ser cancelado em qualquer altura.

A promessa é que iremos fazer os possíveis para que isso não aconteça.

Os organizadores enquanto autores

É sempre um pouco delicada a situação dos organizadores de uma antologia quando são também escritores e, portanto, interessados em ter trabalhos seus no produto final. É algo que abre espaço a críticas, umas vezes legítimas, outras nem tanto. Mas é algo muito comum: excepto quando a antologia se refere aos vencedores de um determinado prémio, ou quando procura reunir os melhores trabalhos de um certo período de tempo, os organizadores costumam incluir-se, seja cá nos países de língua portuguesa, seja lá fora. Bruce Sterling incluiu dois trabalhos seus, escritos em colaboração com outros autores, na antologia cyberpunk original, a Mirrorshades, Asimov metia quase sempre contos seus nas antologias que organizava, em Portugal António de Macedo foi presença assídua nas antologias da Simetria e o mesmo aconteceu à família Moreira quando tomou as rédeas do projecto, José Manuel Morais incluiu um conto seu n'O Atlântico tem Duas Margens, Octávio Aragão publicou trabalho seu na antologia Intempol, Gerson Lodi-Ribeiro fez o mesmo com as antologias editadas pela Ano-Luz, e muitos mais exemplos poderiam ser dados.

O organizador/autor tem algumas vantagens relativamente aos restantes autores: a mais importante é que sabe qual vai sendo o nível dos contos que vão chegando, e portanto sabe (se tiver sentido de auto-crítica) se os seus trabalhos estão no nível certo ou precisam de ser melhorados. É que não faz bem nenhum a coisa nenhuma (nem à carreira do organizador/autor, nem à antologia, nem à credibilidade do projecto) quando um organizador inclui numa antologia um conto que se destaca pela negativa. Mas também tem desvantagens, pelo menos quando faz as coisas como nós fizemos: se um organizador tem um conto pronto e aceitável e de repente alguém submete uma história muito semelhante, lá se vai o conto do organizador a caminho de outra edição qualquer porque deixa de ser viável incluí-lo na antologia. Com razão ou sem ela, seria demasiado fácil que surgissem acusações de plágio e seria muito difícil sacudi-las.

Nós decidimos que no fundamental os contos dos organizadores iriam competir com os outros em pé de igualdade, com o critério principal a ser a qualidade (e o secundário mais importante o equilíbrio da antologia), mas também fizemos um acordo tácito: quem avaliou o meu trabalho foi o Luís, quem avaliou o do Luís fui eu, e não estivemos com paninhos quentes. Como resultado, eu tive dois contos rejeitados e ao Luís aconteceu precisamente que um dos contos que nos chegou (por acaso é um dos aceites, mas até poderia não ter sido) era demasiado parecido com um dele, que acabou, por isso, por ficar de fora. E pensamos que aqueles que escolhemos não só se enquadram perfeitamente no global do volume como que este perderia sem eles.

Mas aqui o juiz último é o leitor. Ele dará a sua opinião quando ler as histórias, e é essa a opinião que, tudo somado, mais conta.

E já está

Pronto. Esta etapa chegou ao fim. Já temos os contos seleccionados, os autores informados e a antologia composta. Sem mais delongas, os contos que escolhemos para fazer parte da antologia são (por ordem alfabética):

- A Irmandade - Carlos Patati
- Assassinos de Sobreiros - João Ventura
- Digital Eden - Gabriel Boz
- Disse a Profetisa - Carlos Orsi Martinho
- Fome de Pássaro - Ivo Robert
- Hinos a um ser Superior - David Soares [anulado - vide este post]
- Isle of Man - Luís Filipe Silva [anulado - vide este post]
- Littleton - Jorge Candeias
- O Deus das Gaivotas - António e Jorge Candeias
- O nevoeiro que desvendou realidades - Sofia Vilarigues
- O Pico de Hubert - Telmo Marçal
- Oberon - Wolmyr Alcantara
- Para tudo se acabar na quarta-feira - Octávio Aragão
- Ponte Frágil sobre o Nada - Maria Helena Bandeira
- Resíduos Sólidos Urbanos - João Ventura
- Xochiquetzal em Cuzco - Carla Cristina Pereira

Os nossos parabéns a todos. São 16 excelentes contos.

Está quase...

10 novembro 2005

... está mesmo quase! Já só falta decidir um pormenor para termos antologia.

As notas é que estão bastante atrasadas, que isto de fazer notas personalizadas para algumas dezenas de contos, tentando equilibrar a vontade de informar os autores do motivo da rejeição (porque achamos que essa informação é muito importante para os próprios autores, para os fazer reflectir sobre a sua escrita e crescer enquanto autores ou, no mínimo, para tomarem melhor consciência das nossas opções no que à literatura fantástica diz respeito - e também porque pautámos este projecto, desde o princípio, pela transparência) com a obrigatoriedade de não ser duro, não desmotivar, dar mesmo um incentivo ao prosseguimento e aprofundamento do trabalho, dá uma trabalheira dos diabos.

Esse trabalho irá prolongar-se pelos próximos dias. Esperamos tê-lo concluído antes da apresentação das nossas escolhas, no Fórum Fantástico, no próximo domingo, mas neste momento ainda não temos certeza de sermos capazes disso.

Sejamos ou não, a antologia será apresentada no Fórum Fantástico, que começou hoje. Temos sessão marcada para domingo, dia 13, pelas 17:30. Apareçam!

Tons de verde III

08 novembro 2005

E pronto: já só temos contos verdes e vermelhos. Os verdes são aqueles que gostaríamos de aceitar, já na sua maior parte "encolhidos" a um conto por autor (e houve vários autores que nos propuseram dois ou três contos que gostaríamos de publicar), os vermelhos são aqueles que ficarão de fora. Ainda não tivemos tempo de escrever e enviar as notas respeitantes a cerca de dezena e meia destes últimos, mas fá-lo-emos nos próximos dias.

Problema: somados, os verdes claros e os verdes escuros dão 20 contos e cerca de 500 páginas! Há a tentação do calhamaço, mas não vai poder ser: alguns destes contos terão de ser preteridos...

É essa a decisão seguinte.

Desagradável

07 novembro 2005

Esta é a primeira parte verdadeiramente desagradável deste processo: escrever e enviar notas de rejeição sobre os contos preteridos, sabendo perfeitamente que cada uma delas irá causar desapontamento e tristeza.

Mas faz parte. É a única forma de no fim ter os melhores. E também, quem sabe, de estimular os autores preteridos a se esforçarem mais e fazer melhor na tentativa seguinte.

É, pelo menos, essa a esperança.

Tons de verde II

06 novembro 2005

Reparo nas caixas de comentários que há pessoal muito ansioso, por isso decidi dar-vos um cheirinho do ponto em que as coisas estão.

Estamos a ler, comentar e comparar os contos. Vamos excluindo alguns, colocando outros na lista das prováveis exclusões, outros em espera, para proceder a uma análise mais aprofundada e, e eis aquilo que vocês querem ouvir, outros na lista das prováveis aceitações.

Não vou falar das exclusões ou das esperas. Digo-vos apenas que temos dois graus de verde: verde escuro para os contos que quase de certeza farão parte da escolha final e verde claro para outros contos que consideramos bons e gostaríamos de publicar mas por uma ou outra característica poderão acabar por ser preteridos. Alguns dos verde claros sê-lo-ão de certeza, e até talvez o mesmo aconteça a um ou outro dos verde escuros.

E neste momento, temos sete contos na lista verde escura e outros sete na verde clara. A coisa vai.

Workshop de Escrita Fantástica

18 outubro 2005

Da malta da Épica surge este convite:


Workshop de Escrita Fantástica
18 Outubro, 2005

Inserido na programação do Fórum Fantástico 2005, a Épica – Associação Portuguesa do Fantástico nas Artes pretende promover um workshop especialmente direccionado a todos os que já se lançaram na aventura da escrita de literatura fantástica, ou que sentem uma forte atracção nesse sentido.

O workshop decorrerá de 10 a 13 de Novembro, das 10:00 às 12:30 (período da manhã), na sala multiusos da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro. Serão tutores os escritores João Barreiros e Luís Filipe Silva.

Para além dos tutores, destinados a fornecer orientações técnicas e apoio na criação de pequenos contos durante o workshop, o mesmo será constituído por palestras informais de alguns dos convidados, nacionais e estrangeiros, do Fórum Fantástico 2005, assim como de representantes de editoras nacionais, que fornecerão aos participantes uma perspectiva do mercado que "enfrentam".

A inscrição no workshop poderá ser feita por email para: forumfantastico(a)gmail.com

O programa será divulgado nos próximos dias. A taxa normal de inscrição será de 15 euros, sendo de 10 euros para associados da Épica.

A lotação é de 15 participantes. A Épica reserva-se o direito de não realizar o workshop caso o nº de inscrições seja inferior a 6 (do que dará o necessário aviso, antes dos inscritos efectuarem qualquer pagamento).

Se os inscritos superarem as vagas, um dos critérios de selecção será a ordem de inscrição. A organização poderá também utilizar outros critérios, que, caso usados, serão devidamente anunciados. Nesse caso, será criada uma lista de espera, a utilizar se ocorrerem desistências.

Pensamos que esta oportunidade constitui, entre nós, uma rara ocasião de integrar informações técnicas, pessoais e comerciais, no campo da literatura fantástica.
A sua realização ou não está agora dependente do vosso interesse.

Última hora

17 outubro 2005

Párem as rotativas! Mudem os números todos!

É que ontem, algumas horas depois de findo o prazo, recebemos um último conto. Conferenciámos, os dois editores, e decidimos aceitá-lo, porque já tínhamos aceite um outro conto (brasileiro) que chegara uma hora depois do prazo terminado e porque se tratava de algo que foi extremamente escasso neste nosso projecto: um conto escrito por uma mulher. Nacionalidade? Ora! Há alguma dúvida? Quem nos enviaria um conto várias horas depois de findo um prazo que por sua vez já era um tempo extra? Uma portuguesa, evidentemente!

Os números, agora sim, definitivamente definitivos são, portanto, 71 contos e noveletas que nos foram propostos, escritos por 38 autores, 6 dos quais (ou 7 - ver abaixo) mulheres e 32 homens, 24 brasileiros e 14 portugueses.

E agora com licença que temos de ler o que falta ler. Até já.

Autores e autoras, Brasil e Portugal

16 outubro 2005

Nos comentários, ali mais abaixo, foi-nos perguntado quantas autoras nos enviaram material, isto é, qual a participação de mulheres neste projecto.

Agora que já sabemos em definitivo quem nos enviou o quê, chega a resposta: fraca. As caras autoras de língua portuguesa pouco participaram e, consequentemente, o livro terá curta componente feminina. É que no total de 37 autores que contribuíram para o projecto, só 5 são mulheres (ou 6, se separarmos uma dupla de duas autoras), o que significa que o mais certo é que não passem de um ou dois os contos escritos por mulheres a fazer parte da selecção final. Não há qualquer hipótese de sequer tentar alguma paridade.

Quanto à proporção Brasil/Portugal, tivemos a participação de 24 autores brasileiros e 13 portugueses. Isto não quer dizer necessariamente que acabem na selecção final mais trabalhos brasileiros do que portugueses - na minha avaliação particular, ainda incompleta, entre os 14 contos que mais me agradam sete são brasileiros e os outros sete são portugueses.

E pronto. Podem começar a escrever as obras-primas do próximo ano.

Sim, acabou-se. Já não aceitamos mais originais. Esta fase acabou, agora começa a seguinte. Finito.

Mas olhem, meus amigos: enganei-me. Disse que muito me surpreenderia se as submissões ultrapassassem as cinco ou seis agora neste período extra, e a verdade é que ultrapassaram. Foram dez. O que significa que o total de contos submetidos à nossa antologia se fixou em setenta. 70. Um belo número!

E é o único que temos para vos dar neste momento, que com o prazo findo há algumas horas ainda não fizemos nenhum tratamento das novas submissões (que, como é óbvio, se concentraram no dia de ontem. Ou melhor, na noite de ontem.). Mais tarde dar-vos-emos mais informação. Por agora fiquem-se com esta:

Recebemos 70 contos em três meses e meio!

Primeiro balanço, complemento

05 outubro 2005

Pois bem: todos os contos submetidos no "tempo regulamentar" já foram lidos por pelo menos um de nós e já vos podemos deixar alguns dados novos.

Dos 60 contos, quase metade é de ficção científica, e entre os restantes géneros é o horror que domina. Os números antes dos contos que nos chegarão agora nesta última oportunidade são os seguintes:

- Ficção científica: 28
- Terror / Horror: 14
- Fantasia: 9
- Fantástico: 3
- História alternativa: 2
- Mainstream: 2
- Surrealismo: 2

Entre estes contos, 8 foram já removidos do processo de selecção, 2 estão prestes a seguir o mesmo caminho (falta só avisar os autores), 9 irão provavelmente seguir-lhes as pisadas dado que um dos editores os pretende excluir e falta só serem lidos pelo outro para uma confirmação (a experiência que temos tido até agora tem mostrado uma concordância razoável entre os dois no que toca aos contos que não consideramos adequados à antologia) e 14 são colocados por um de nós num patamar um pouco abaixo dos restantes, o que significa que provavelmente também acabarão por ser excluídos em favor de parte dos 27 contos que consideramos (os dois ou um de nós) mais adaptados ao que pretendemos. Estes 27 contos somam cerca de 635 páginas e deverá ser de entre eles (salvo algum desacordo profundo relativo a algum dos outros contos, ou aquilo que de bom nos chegue até dia 15) que serão escolhidos os textos que irão compor a antologia.

Uma vez que queremos ter a selecção feita a tempo do Fórum Fantástico, que decorre de 10 a 13 de Novembro, deverá ser já em breve que começaremos a contactar também os autores dos contos que vemos com mais potencial para fazer parte da antologia, especialmente aqueles que não têm mais de um conto "na liça". Fiquem atentos às vossas caixas de correio electrónico.

Primeiro balanço do "tempo regulamentar"

01 outubro 2005

OK, agora que já chegámos ao fim do "tempo regulamentar" é boa altura para um primeiro balanço, incompleto porque a grande quantidade de material recebido no último dia não nos deixou ter uma ideia precisa relativamente a alguns dados. Mas temo-la no que diz respeito a outros.

Uma das coisas interessantes do material da última semana é que foi todo brasileiro! Aparentemente, os brasileiros conseguem ser mais portugueses do que os próprios portugueses, pelo menos no que diz respeito a deixar as coisas para a última hora. Resta agora saber o que acontece no "prolongamento". Pode ser que a portugalidade dos portugueses se manifeste na sua máxima força durante esta semana. Sim, porque um verdadeiro português deixa acabar o prazo! Mas é bom alertar os nossos caros escritores nacionais que nos pediram mais tempo que é bom não serem demasiado portugueses, porque não contamos adiar o fim do prazo mais vez nenhuma. Ficam avisados.

Enfim, vamos aos números.

Tivemos um total de 60 submissões distribuídas por 34 autores, que somam cerca de 348 400 palavras que, se fossem todas publicadas, ocupariam 1090 páginas, mais coisa, menos coisa. Dos 60, dois contos são colaborações de dois autores, mas só um destes quatro autores também nos enviou trabalhos em nome individual.

Devido às últimas semanas, o Brasil acabou por nos enviar muito mais material do que Portugal. Do lado de lá vieram 39 trabalhos, que somam mais de 700 páginas; do lado de cá vieram apenas 21 trabalhos, que não chegaram às 400 páginas.

Houve muita gente que só nos enviou um trabalho (23 autores), mas também houve quem não estivesse com meias medidas e nos brindasse com bastante mais. O recordista enviou-nos seis contos. Em volume, no entanto, as contas são um pouco diferentes. Houve quem nos tenha enviado apenas 1500 palavras (5 páginas), mas também houve um autor que nos deu a ler 30800 (97 páginas). Oito foram os autores que nos remeteram mais de 50 páginas cada e sete enviaram-nos 10 páginas ou menos.

Julgo que estes números são quase definitivos, visto que não espero muitas submissões agora no "prolongamento". Muito me surpreenderia de ultrapassassem as cinco ou seis.

Os géneros? Bem, isso fica para depois, que ontem recebemos tantos contos que é impossível verificar o género a que pertencem todos. Vamos ter de ler aqueles que não são claros. Depois dir-vos-emos qualquer coisa.

1 000

... e, à 55ª submissão, o número de páginas ultrapassou as mil.

OK, tomem lá mais duas semaninhas...

Recebemos alguns pedidos mais ou menos desesperados para prolongarmos o prazo de recepção de originais durante algum tempo, e também uma série de contos que deram entrada já depois de terminado o prazo original. Ponderámos, eu e o Luís, e decidimos fazer-vos a vontade: têm mais duas semanas para nos enviar as vossas histórias, até à meia-noite de 15 de Outubro, hora de Lisboa.

E agora, força nos teclados! Toca a fazer com que valha a pena!

Outros Mundos, Outras Antologias...

26 setembro 2005

E mal tínhamos acabado de citar, eis que citamos de novo e da mesma fonte (agora que já têm os dedos quentes de dar à tecla no computador, não parem e participem nesta iniciativa brasileira):

Abertas Submissões:
Redes virtuais de Computadores

Estão abertas submissões para antologia em papel sobre Redes Virtuais de Computadores. Pretende-se editar o livro em 2006, para isso precisamos de contos novos de qualidade e ousadia (contos não tão-somente direcionados para o mercado). Fica estabelecido o limite de 8.000 palavras, mas este limite não é regra tão rígidas, segue apenas para orientar o autor, pois dificilmente aceitaremos algo acima. O prazo final para submissão é 30 de janeiro de 2006. Veja as nossas regras de submissão aqui.

(in Scarium Online)

Esclarece-se que esta citação pertence a um blog não relacionado com o que estão a ler, e que o call for fiction acima mencionado em nada se relaciona com a presente antologia. Trata-se apenas de divulgação.

Não Estamos Sós

Proveniente do blog do editor do Scarium Online, magazine brasileira de ficção científica, eis um comentário que reproduzo na íntegra e que ecoa em quase sincronicidade as preocupações de um post anterior do Antoloblogue:


Notas de sexta-feira

Nas notas de hoje, não pretendo divulgar as novidades da Scarium On Line, apenas fazer uma reflexão sobre a inércia da ficção científica brasileira. Mas que inércia é esta?

A bem da verdade, não é uma inércia no que diz respeito à produção, apesar desta ainda ser muito pouca e ficar limitado a alguns autores estrangeiros, na cola de filmes de sucesso, e uma meia dúzia de escritores nacionais que se arriscam a investir em produções independentes. A FC brasileira não é nada incipiente. A inércia está mais ligada à falta de ousadia, de experimentações e de um movimento literário sólido. Sintetizando, a falta de novas idéias.

Parece que os autores ainda continuam tentando apostar em fórmulas estrangeiras de sucesso e esquecem a nossa velha realidade literária.

Fica aqui um convite: quem se arrisca a mandar algo novo e ousado para publicarmos na Scarium?

O nosso convite mantém-se: até sexta-feira, continuamos a aguardar por esse grande conto original, inédito e totalmente nosso, da literatura fantástica em língua lusa que vai revolucionar o género e impulsionar-nos para o século XXII [1].

[1] fica aqui um esclarecimento, antes que o Jorge tenha de intervir para acautelar possíveis corações trepidantes, que o problema não é específico das submissões para a antologia, mas tem sido sintomático da FC luso-brasileira e de muita outra internacional não-saxónica. Contudo, tantas manifestações do sintoma não diminuem a gravidade da doença, e daí que continuemos a esperar pela cura ou pelo menos sinais de melhoria.

Quatro novos contos, nenhum excluído

23 setembro 2005

Enquanto preparamos o bunker, fechamos as persianas e pomos contraplacado nas janelas para nos defendermos do furacão de contos que contamos receber na última semana do prazo (isto mete portugueses, e já se sabe como são os portugueses), continuam paulatinamente a chegar-nos mais contribuições. Esta semana foram quatro e, pela primeira vez desde que nos começaram a chegar contos em número razoável todas as semanas, nenhum foi de ficção científica.

Os totais de submissões estão agora em 46 trabalhos de 27 autores, totalizando mais de 810 páginas e quase 260 mil palavras. Destes, 8 foram já excluídos. Há ainda 8 trabalhos que um dos editores pretende excluir, mais 7 que um dos editores considera comparativamente menos bons e 23 que ou ainda não foram lidos por nenhum de nós ou então se mantém no topo das nossas preferências (de um de nós ou de ambos). Entre estes, no entanto, há vários trabalhos do mesmo autor e acabaremos quase de certeza por optar por um deles, de modo que os trabalhos melhor posicionados acabam por ser menos que aqueles 23. Por outro lado, ainda há a hipótese de que o outro editor discorde da apreciação menos boa de alguns dos restantes 15 trabalhos, de modo que as coisas se mantém em geral pouco definidas.

Quanto a géneros, sem nenhuma exclusão na semana os números apenas subiram:

- Ficção científica: 20 (19)
- Terror/Horror: 10 (8)
- Fantasia: 7 (5)
- Fantástico: 3 (3)
- História alternativa: 2 (1)
- Mainstream: 2 (1)
- Surrealismo: 2 (1)

Quanto a nacionalidades, talvez por estarem à espera da última hora do último dia, bem à portuguesa, talvez por outra razão qualquer, o certo é que os portugueses estão a ficar para trás: temos agora 26 trabalhos brasileiros contra 20 portugueses, 455 páginas brasileiras contra 360 portuguesas.

E é tudo por agora. Resta-nos fechar bem as persianas e calafetar as portas para a inundação da semana que vem. Mas se não faltar a energia ainda vos daremos mais notícias até lá.

E lembrem-se: até notícias em contrário, o prazo termina à meia-noite da próxima sexta-feira, hora de Lisboa. Nota especial para os brasileiros e ilhéus: é hora de Lisboa, isto é, umas horitas mais cedo que as vossas.

Para sossego dos escritores ansiosos... ou talvez não

16 setembro 2005

Este post é para sossego dos autores ansiosos (ou talvez não), mas isso é só lá mais para a frente. Por agora, no princípio, é o ponto da situação habitual.

Continuou a crescer o número de submissões, claro, tendo esta semana atingido as 42, que correspondem a mais de 240 mil palavras e quase 760 páginas. Isto tudo fruto da produção e criatividade (umas vezes mais, outras vezes menos) de 24 autores. Continuámos também a tomar decisões, e subiram para 8 os projectos que, por um motivo ou por outro, foram retirados da selecção, mas mesmo assim ainda são mais de 680 páginas por triar. Muitos mais contos serão excluídos, inevitavelmente, mas a esse assunto regressarei mais à frente.

Por géneros (e integrando a tal viagem no tempo mágica, que criou alguma confusão, no grupo das fantasias, fazendo o mesmo à fantasia arturiana), temos agora:

- Ficção científica: 20 (19)
- Terror/Horror: 8 (6)
- Fantasia: 7 (5)
- História alternativa: 2 (1)
- Mainstream: 2 (1)
- Surrealismo: 2 (1)
- Fantástico: 1 (1)

Continua a FC a dominar quase absolutamente, mas pelo menos a fantasia deixou de ser residual, o que é um progresso. E de ponto de situação, estamos conversados.

Ora bem, vamos lá então falar de rejeições. Como foi dito pouco depois do arranque deste blog, nós informamos os autores da não aceitação dos seus trabalhos muito antes de os informarmos sobre a aceitação dos que forem seleccionados. O motivo é simples: uma vez que não sabemos ainda o que nos poderá chegar até serem encerradas as submissões, não podemos estar a tomar decisões definitivas quanto a contos que eventualmente iriam fazer parte da antologia. Será pouco provável, mas é possível que na última semana nos chegue um livro inteiro de trabalhos fora de série, e certamente não vamos dizer que aceitamos um trabalho para o recusarmos mais à frente. Isso seria uma imensa falta de respeito pelos autores. Não que não tenhamos já um conjunto de histórias que pensamos que irão fazer parte da antologia, porque temos. Mas não podemos ainda tomar essa decisão, e muito menos informar dela os autores.

Ou seja, por agora todos os autores que recebam mensagens nossas têm a certeza de que ou se trata da mensagem habitual que dá conta da recepção do trabalho, ou então é uma mensagem de rejeição. O silêncio é bom sinal. Compreendemos a ansiedade e a impaciência mas, como em tantas coisas na vida, nenhumas notícias são boas notícias.

Além disso, os autores que nos remetam mais do que dois contos irão certamente receber pelo menos uma mensagem de rejeição, mais cedo ou mais tarde, e o mais provável é que recebam duas ou mais. Como afirmámos no início, só em casos especiais aceitaremos duas histórias do mesmo autor (salvo se se tratar de colaborações). Ou seja: se alguém nos remete seis histórias, irá de certeza receber quatro ou cinco rejeições antes de receber uma boa notícia. Se chegar a receber a boa notícia.

Por fim, caso estejam curiosos, a ordem das rejeições corresponde à ordem por que tomamos as decisões. Tem a ver em parte com uma avaliação da adequação dos trabalhos ao que pretendemos, e em parte com a ordem (ou desordem) e a rapidez (ou lentidão) com que lemos as submissões. Isto é, um trabalho pode ser excluído primeiro que outro simplesmente porque foi lido por ambos os editores primeiro que o outro, mas também pode acontecer que o segundo tenha permanecido no processo depois de ser avaliado por mim e pelo Luís até que, com a continuação das leituras, chegamos à conclusão de que outros trabalhos se encaixam melhor na antologia do que esse e o excluímos também.

Tons de verde

14 setembro 2005

O post abaixo, do Luís, causou em alguns leitores dúvidas quanto à nossa avaliação da qualidade das obras recebidas até agora. O Luís explicou, nos comentários, mas acho que é útil fazer aqui um ponto da situação também a esse nível.

Nós tínhamos duas batalhas que tínhamos de ganhar à partida, caso quiséssemos que este projecto acabasse por ser concretizado: a batalha da quantidade e a batalha da qualidade. A primeira ficou ganha logo em Agosto, quando começámos a compreender que o número de submissões ia ser alto. Disso vos temos dado conta aqui, mas não vos temos falado muito da segunda batalha.

Pois bem: julgo que posso garantir que neste momento temos material suficiente para publicar um livro com 400 páginas e nenhuma história má. Temos um número elevado de bons contos, alguns contos muito bons e, como o Luís disse, uns dois ou três que chegam às portas do excepcional. Não temos nenhuma história excepcional, por enquanto, e é só aí que reside a nossa frustração, porque de resto estamos plenamente satisfeitos com o que os autores nos propuseram.

Porque queremos que esta antologia seja um marco, porque queremos que o projecto tenha continuidade, o que só se consegue com compradores e leitores, gente que espere com expectativa pela antologia do ano seguinte, porque queremos, enfim, mostrar que em língua portuguesa é possível produzir muito boa literatura fantástica, gostaríamos de publicar uns dois ou três contos ou noveletas excepcionais e até de nos podermos dar ao luxo de rejeitar todos os contos que forem meramente bons. Já é certo que iremos rejeitar alguns, mas gostaríamos de poder rejeitá-los a todos.

É esse o desafio actual: o de acrescentar ao material muito bom que já temos mais material muito bom e de conseguir encontrar algum material extraordinário. E isso, meus caros autores, só vocês nos podem dar.

Em busca de identidades

13 setembro 2005

I miss only, and then only a little, in the late afternoon, the sudden white laughter that like heat lightning bursts in an atmosphere where souls are trying to serve the impossible. My father for all his mourning moved in the atmosphere of such laughter. He would have puzzled you. He puzzled me. His upper half was hidden from me, I knew best his legs.

Ora bem, existe uma literatura fantástica em língua portuguesa?

As respostas serão eventualmente encontradas dentro de alguns meses, quando a presente antologia saltar do seu presente estado quântico de indefinição e assumir uma forma concreta. Quando for observada (um estranho e interessante processo, singular na Natureza e, que saibamos, em todo o universo, no qual um evento do mundo físico é assimilado numa plataforma electro-química – o cérebro – sujeita a um processo de armazenamento e leitura. Hmm...).

Cada leitor encontrará a resposta que procura. Cada leitor então aperceber-se-à da verdadeira natureza da pergunta. Douglas Adams estava cheio de razão.

Não vos vou responder, porque a única resposta que pretendo é a que me foge ao alcanço. Como um caçador que se insatisfaz ante o disparo certeiro. Em tudo o que li e tenho lido para esta antologia, não me aproximo mais dela, embora lhe perceba contornos já suspeitados.

O que se torna claro e evidente, quase sem esforço, é perceber o que não é a literatura fantástica em língua portuguesa: é quando esta tenta, a todo o custo, realmente sê-la.

Aqui se evidencia um problema básico da literatura europeia, que é um efeito secundário da solução para outro problema, menos nobre, o de saber como fazer chegar rapidamente um livro ao público que melhor o apreciará. No meio existe uma história sórdida e cada vez mais sofisticada de objectivos anuais de vendas, quotas de mercado, eficiência de custos e o palavrão do lucro, o orgasmo dos seres financeiros. O efeito secundário chama-se género. E o problema é obviamente o de ser o espartilho de quem o segue.

Claro que ao clamarmos por peças de literatura fantástica, estamos a substanciar o pecado. Preferiria pensar que estamos na verdade a afastar histórias banais do quotidiano - as tais que procuram repetir a vivência do dia-a-dia e se imiscuem numa introspecção que rejeita a realidade do mundo, o dito mainstream (mais um pecado). Mas sei bem que ninguém interpretará desta forma, que quem entrar na antologia, e pior ainda, quem escrever para ela, chegará cheio de preconceitos, ou seja, juízos feitos antes de conhecer a dita cuja. Os preconceitos que tentamos rejeitar na sociedade e fazê-la aceitar o indíviduo num regime meritocrático, é o preciso processo que aplicamos na arte. Apenas aceitamos na nossa casa a arte de que gostámos. À que odiamos, fechamos os olhos.

Se isto é triste no que toca a atingir públicos, pior é quando atinge autores. Quer para rejeitar a literatura fantástica, quer para entrar nela. E pior ainda seria se atingisse a nós, editores – mas lamento informar que não surgiu nenhuma história na periferia que nos fizesse debater se seria ou não fantástica. Em que classe colocariam o Centaurian?

Oxalá ainda surja.

E o que tem surgido então?

Duas classes de histórias: histórias que utilizam elementos de um género que se convenciou designar por fantástico, e histórias realmente de fantástico.

A intenção trai o autor. Os mais atentos tentam evitá-la, e é difícil, senão impossível, para algumas histórias perceber o caminho tortuoso e entender as opções tomadas: quem nasceu primeiro, a vontade que a história fosse de fantástico, ou a inevitabilidade de que o fosse?

Ou para ser menos críptico: quero escrever uma história de «literatura fantástica». Tenho um imaginário de histórias conhecidas, desde a infância, que sempre vi referenciadas como «fantásticas». Separo o que são dragões, cavaleiros e fadas do que é tecnocracia e atitude positivista, e ainda do que é a mera vivência no mundo, como ter filhos, gerir um matrimónio e ter um emprego – tudo isto são compartimentos estanques, separados, qual laboratório virulógico. Tenho, diga-se em boa e alta voz, as melhores intenções do mundo. Afinal, sou um gajo porreiro, inteligente. E ninguém afirma o contrário. Tal é, que a história que sai é competente. Tem dragões e fadas onde devia ter, e uma demanda por um anel ou um tomo bolarento, e as minhas viagens no tempo falam de paradoxos, e vampiros fogem das manhãs – e escrevo muito bem, junto as frases, sei construir diálogos. Tenho as melhores intenções do mundo. A história é forte e boa. Ombreia com o que de melhor se faz lá fora. Lá fora, onde os compartimentos são estanques e onde se inventou o espartilho.

Fiz uma história de «viagem no tempo». Uma narrativa de «viagem espacial». Um conto de «guerra interestelar». Uma «fantasia heróica». Uma «fantasia futurista». Estou confortável. Estamos afinal ainda dentro de território conhecido: o menu do McDonald’s do fantástico moderno. Há quem tente ser original e junte duas opções do menu. Mas não mais, pois causará decerto mau-sabor e perturbações gastro-intestinais. Aquilo não foi pensado para ser consumido em forma de mistura...

A resposta à pergunta original assume-se no espelho da mesma. Não interessa saber o que é a literatura fantástica em língua portuguesa. Sabe-se que a que não o é, surgiu precisamente da leitura excessiva das «convenções» do «género» (vejam quantos dogmas...) e da sua aceitação passiva. Os clones literários invadem as prateleiras.

Quantas palavras desperdiçadas, quanto tempo de vida perdido.

E depois, em jeito de conclusão e satisfação, uma luz no horizonte. Porque ainda há histórias realmente fantásticas. Há histórias verdadeiras, narrativas vividas desde a concepção ao parto. Quem berra ao nascer é porque precisa: tem algo a dizer – ou a denunciar.

Essas histórias não nasceram de uma convenção de género. Nasceram como histórias. Porque sim. E não podiam ser contadas de outra forma. Se utilizam dragões, paciência. Se são mecânicos... que interessa? Quem não gosta, não coma. Merda para os géneros e para as classificações dos doutores e para os senhores doutores.

Obrigariam os vossos filhos a ser o que vocês pretendem? Pensam que não haveria resistência? Seriam vocês felizes? Seriam eles?

Em que ponto são as histórias diferentes?

220 000

09 setembro 2005

Aquele número ali em cima é o número de palavras que foram até agora submetidas à nossa consideração. Se as 37 histórias que somam aquela quantidade de texto fossem todas publicadas o resultado seria um gigantesco calhamaço com quase 700 páginas. Não serão, claro, e aos contos que já foram removidos do processo, por nós ou pelos autores, outros se seguirão. Dado o volume de material que já temos e aquele que esperamos ainda até ao fim do mês, no melhor dos casos será de certeza menos de metade a ver a estampa. Para já, mantêm-se no processo quase 650 páginas.

Isto porque, como aliás já esperávamos, Setembro se tem revelado produtivo. Só na última semana chegaram-nos seis trabalhos, somando mais de 100 páginas e fazendo subir os totais para os números que estão ali em cima.

Esta semana também fez baixar a proporção relativa da FC no total das submissões. Mas nem tudo é bom, como vão ver. A divisão por géneros faz-se agora assim (o número principal corresponde ao total das submissões; entre parêntesis segue o número de contos que se mantêm no processo de selecção).

- Ficção científica: 18 (18)
- Horror/Terror: 8 (7)
- Fantasia: 3 (3)
- História alternativa: 2 (1)
- Mainstream: 2 (2)
- Fantasia arturiana: 1 (0)
- Fantástico: 1 (1)
- Surrealismo: 1 (0)
- Viagem no tempo mágica: 1 (0)

Como vêem, a FC continua a merecer a larguíssima preferência dos autores e, se exceptuarmos o horror, os outros géneros são pouco mais do que residuais nas submissões. Pior do que isso é o facto de parte das submissões nesses géneros não se enquadrar bem naquilo que pretendemos. Por outro lado, a FC que temos recebido é variada: do ciberpunk às viagens no tempo, de distopias a contos humorísticos, etc. Ou seja: embora me pareça neste momento mais ou menos inevitável que o livro final venha a conter mais FC do que outro género qualquer, julgo que podemos mesmo assim garantir um espectro alargado de abordagens e temáticas. Não é bem o que preferiríamos, mas já não é mau.

Quanto à proporção Portugal/Brasil, está bastante equilibrada: recebemos 20 histórias brasileiras e 17 portuguesas, 378 páginas brasileiras e 313 portuguesas. Isto também quer dizer que, ao contrário do que acontecia no início, temos agora praticamente a mesma distribuição de textos grandes e pequenos vindos dos dois lados do Charco. Infelizmente, não recebemos ainda nada vindo de nenhum dos outros países lusófonos o que, dado que este projecto tem sido desenvolvido quase exclusivamente online, e dado o estado de desenvolvimento da internet nos PALOPs e em Timor, não é propriamente inesperado. Um dia chegará em que Angola, Moçambique e as outras regiões de língua portuguesa ocupem o lugar que é seu de direito neste tipo de projectos, mas por agora temos de nos contentar com Portugal e o Brasil.

Finalmente, quanto a tamanhos, foram-nos submetidos até agora:

- 1 novela (56 páginas)
- 8 noveletas (310 p)
- 19 contos (284 p)
- 6 contos curtos (35 p)
- 3 vinhetas (6 p)

Acham muito? Nós achamos pouco. Queremos mais e ainda melhor. Queremos contos que nos arranquem do sofá, nos arrebatem, nos transportem para aqueles lugares onde só a literatura fantástica sabe chegar.

ZIP

06 setembro 2005

Um autor enviou-nos um conjunto de três contos dentro de um ficheiro comprimido em formato ZIP. Por esta vez aceitámos, mas pedimos-lhe a ele e a todos os outros autores que não o voltem a fazer porque não voltaremos a aceitar nada nesse formato. O formato ZIP é nesta época um formato altamente inseguro, propenso à disseminação de vírus e outros tipos de malware. Os formatos que aceitamos estão enumerados nas regras de submissão: TXT, RTF e PDF. . Não é para sermos chatos; é porque os outros formatos constituem riscos de segurança inaceitáveis (e evitáveis).

Mais uma semana movimentada

03 setembro 2005

Passámos por mais uma semana movimentada, com várias submissões e um conto retirado do processo pelo autor. Como consequência, os totais subiram bastante. Temos agora material em avaliação que, somado, dá mais de 540 páginas, que correspondem a 173 mil palavras distribuídas por 26 trabalhos de 18 autores.

É pouco. Queremos mais.

Mais um, menos quatro

26 agosto 2005

A semana passada foi a semana das primeiras decisões sobre a não permanência no processo de selecção de quatro dos contos submetidos até agora. Foi também a semana em que nos chegou o primeiro trabalho escrito a quatro mãos, por sinal a única submissão da semana.

Ou seja, feitas as contas, temos agora em selecção 19 trabalhos que, caso fossem todos publicados, dariam um volume com cerca de 430 páginas, isto é, quase 140 mil palavras. Pode parecer muito, mas queremos mais, muito mais!

Só, só, só mais um!

20 agosto 2005

Esta semana recebemos apenas um conto. Com Agosto a levar os portugueses para outras praias, têm sido apenas brasileiros a contribuir nas últimas semanas, o que nós já esperávamos que acontecesse. Contamos voltar a receber material português em quantidade lá para Setembro, mas se alguém por aí estiver a pensar mandar-nos coisas em Agosto não se acanhe.

Tencionávamos tomar já esta semana as primeiras decisões, mas as coisas atrasaram-se um pouco e só iremos conseguir fazê-lo na próxima. Assim, os números continuaram a crescer e temos agora em avaliação 22 trabalhos que, se fossem todos publicados, teriam como resultado um volume de 440 páginas. Autores são menos: já houve três que nos enviaram três contos cada (lembrem-se que não há limite para os contos submetidos à nossa avaliação; só para os que serão efectivamente publicados. Podem submeter quantos quiserem), um enviou-nos dois e os restantes enviaram-nos um trabalho cada. Ainda não recebemos nenhuma colaboração.

Para terminar por hoje, vou acenar com uma cenoura a quem escreve outras coisas para além de ficção científica. Já aqui disse que temos recebido muito mais FC do que material de outras áreas do fantástico e que nós gostaríamos de construir uma antologia equilibrada, não é verdade? Pois bem, uma das maneiras possíveis de olhar para esta informação é: "ah! A concorrência nas outras áreas é mais pequena!"

Voltámos ao normal

13 agosto 2005

Depois daquela erupção de submissões da semana passada, voltámos ao normal e tivemos esta semana mais três, que elevaram os totais de material que temos em avaliação a 21 submissões, mais de 130 mil palavras e quase 420 páginas. Prevemos que em breve iremos começar a tomar algumas decisões quanto à manutenção, ou não, de alguns destes contos no processo, de modo que é possível que no fim da próxima semana estes números estejam mais reduzidos.

Por outro lado, também é possível que estejam mais elevados. Basta para isso que vocês nos continuem a enviar bastante material...

O tamanho conta?

10 agosto 2005

Para fazer boa literatura não é o tamanho dos textos que conta, é o que se faz com eles. Ou deles. Se conhecem esta frase de outros contextos, estarão familiarizados com o conceito e provavelmente estarão nesta altura com um sorrisinho a querer despontar na boca. Mas no entanto...

No entanto, nós no documento de intenções / regras com que abrimos este blog definimos um tamanho mínimo e um tamanho máximo para as histórias que procurávamos. Porquê?

Os limites de 3000 e 18000 palavras não foram escolhidos por acaso. Por um lado, havia que conter dentro de limites razoáveis cada um dos textos, a fim de evitar que um único autor nos propusesse um texto grande demais, capaz de dominar a antologia e, consequentemente, os trabalhos dos restantes autores. Surgiu assim o número de 18 mil palavras (que corresponde, grosso modo, a 55 páginas). Por outro lado, queríamos que os contos fossem mais elaborados e desenvolvidos do que o que se tem tornado habitual na literatura fantástica lusófona, com uma grande quantidade de textos curtos e alguma escassez de trabalhos mais compridos, que até se tende a acentuar nesta era de blogues e leitura rápida. Daí o limite de 3 mil palavras (ou cerca de 10 páginas).

Não quer isto dizer que iremos ser fundamentalistas e que rejeitemos de imediato tudo o que não tiver tamanho que nos agrade. De modo algum: quem quiser submeter à nossa consideração trabalhos cuja dimensão os coloque fora daqueles valores, pode fazê-lo à vontade. Mas, precisamente porque escolhemos aqueles limites por razões que nos parecem válidas, é muito provável que acabemos por não aceitar trabalhos que se afastem muito deles, a menos que nos apaixonem.

Ou seja: não respeitar as dimensões que pretendemos é uma opção legítima mas arriscada. E torna-se cada vez mais arriscada à medida que as dimensões do trabalho se afastem das pretendidas.

Dito por outras palavras: para certas coisas o tamanho até que acaba mesmo por contar.

Das Subtilezas de Construção de uma Antologia

09 agosto 2005

Organizar as histórias de uma antologia é um equilíbrio delicado. É como organizar um espectáculo com cenas e sequências diversas. Música e drama e comédia e apresentações devem suceder-se num fluir orgânico que seja diversificado e faça sentido – a próxima contribuição acrescentando às contribuições anteriores ou negando-as. O objectivo é aumentar a perspectiva, como quem retrocede num plano e se começa a orientar, pela adição de elementos congruentes que concebam uma meta-história, uma ficção das ficções, e revele o fim ulterior do compêndio.

Organizar as histórias de uma antologia que se pretendam originais, de tema livre, com autores de estilos e crenças face ao género fantástico diferentes e contudo comungando da mesma partilha (ou como diria um amigo meu, pergunte-se a uma sala cheia de cristãos as definições de fé e obteremos uma diferente por cada indivíduo), é um desafio acrescido, se nem sequer considerarmos que entre os organizadores estas diferenças irão existir.

Organizar uma antologia é afinal como escrever um romance.

Com esta antologia, não basta dizer que é portuguesa. Não basta dizer que tem de ser, vincadamente, de ficção científica, fantástico, terror, história alternativa, etc – porque poderemos estar a excluir histórias excelentes pelo processo. Não basta dizer que as histórias têm de estar bem escritas e ter enredo – porque ideias boas poderão estar a ser ignoradas. Não basta dizer que utilizaremos o bom senso na escolha final – porque o bom senso engana e pode levar a escolher histórias que ficariam melhor numa qualquer outra antologia. Não basta ter uma ideia genérica – tem de ter-se uma visão específica e muito focada.

Ou seja, o caminho trilhado até aqui tem de ser esquecido. Estamos em território absolutamente novo.

Quando iniciámos a senda, era com o objectivo de descobrir a antologia revolucionária do género em Portugal. Revolucionária no sentido em que nos revelará como mais próximos do século XXI do que jamais estivemos. Que nos dirá irmãos de uma Europa que nos temos esforçado por alcançar e correr ao lado. Que mostrará finalmente autores capazes e conscientes de histórias não umbiguistas e não imitadoras directas do modelo anglo-saxónico. E que esta influência se expande além-Atlântico numa aliança pan-linguística.

Nesse sentido, há que adoptar determinadas regras:
1. A ideia deve ser original ou ser apresentada segundo uma perspectiva nova
2. A ideia é obviamente imprescindível
3. A ideia não basta – tem de ser vestida com uma história humana, interessante, explícita, desenvolvida, e madura.
4. Experimentalismos são bem-vindos, mas só se bem sucedidos.

Fantasias celtas? Nem ver! Space-operas com tecnologia feita a martelo e teorias científicas de pastilha-elástica? Lixo! Personagens unidimensionais que não acrescentam nada à história? Riscar! Parágrafos longos e pachorrentos de exposição da ideia do mundo? Destruir! Enredo contraditório e inconsequente? Querias! Estilo de pré-primária do tipo «ele pôs-se de pé e olhou em volta e pensou, Mas que rica manhã no planeta Diógenes»? Voltem prá escola! Nomes de personagens com números?! Pena capital!

Se o conto que acabaram de escrever resultou de uma primeira inspiração, rasguem-no e escrevam de novo. A sério. Usem agora a perspectiva do personagem que menos vos agradou (mas façam-no como se fosse o vosso preferido). Comparem os resultados (vão ficar surpreendidos). Rasguem e façam de conta que estão a contar o mesmo a alguém que está sempre a questionar o que dizem (pensem que contam a crianças) «mas porquê?», «ele fez isso com que razão?», e respondam às questões (vão perceber os buracos), fazendo a pesquisa suplementar necessária. No fim rasguem e contem finalmente a história. Neste ponto já a terão contado tantas vezes que a sabem da memória e vai-vos sair fluida, sem medos ou tropeções, como a história que Mr. Orange conta nos Cães Danados. Vão contá-la de memória, como contam um episódio da vossa vida: confuso nas causas e consequências, mas articulado, com coerência interna. Verídico.

Este desafio é perigoso porque pode assustar os mais impressionáveis. Não deixem que aconteça. Abracem o desafio e surpreendam-nos.

Lembrem-se que o prazo não acabou. Nada está decidido (aparte alguns contos que já sabemos que não farão parte da versão final). Ninguém foi ainda verdadeiramente escolhido.

A bola está do vosso lado.

Uau!

05 agosto 2005

É a única palavra possível para o que se passou na última semana: a quase duplicação (isto tem de ir em negrito) do material que temos em avaliação.

Temos agora "em carteira" 18 trabalhos que, caso fossem todos publicados, dariam um volume de quase 380 páginas! Isto corresponde a mais de 120 mil palavras, a 12 autores e garante em definitivo que não será por falta de material que não concretizaremos o projecto.

Quanto aos géneros e subgéneros...

Bem, as coisas estavam mais ou menos dispersas até esta semana, mas como quase tudo o que recebemos recentemente tem sido ficção científica, este género está a destacar-se dos outros. Concretizando, temos agora:

- 8 trabalhos de ficção científica
- 4 trabalhos de terror / horror
- 2 trabalhos de história alternativa
- 1 trabalho de fantasia arturiana
- 1 trabalho surrealista
- 1 trabalho de viagem no tempo "mágica"
- 1 trabalho que parece FC mas não é

Como gostaríamos de fazer uma antologia equilibrada em termos de áreas do fantástico, esta preponderância da FC não nos agrada particularmente e apelamos aos autores que se sintam à vontade noutras áreas para submeterem mais.

Isto não quer dizer, no entanto, que nos devem deixar de enviar FC, longe disso: continuamos a contar com mais e ainda melhores textos de todos os géneros, porque só assim poderemos fazer uma antologia tão boa e completa como nos propusemos fazer.

Força nesses teclados!

10 contos, mais de 200 páginas

29 julho 2005

As submissões prosseguem em bom ritmo, e na passada semana chegaram-nos mais duas, o que elevou o total até 10 e o número de páginas de um eventual livro que as juntasse a todas até quase 220. Números redondos e agradáveis para um primeiro mês ainda incompleto.

Foi-nos perguntado nos comentários a um post anterior como vai a distribuição de submissões entre Portugal e o Brasil. Pois bem: temos a situação curiosa de haver um grande predomínio do Brasil no número de submissões (7 a 3), mas um valor praticamente idêntico na quantidade total de texto que essas submissões implicam, com uma pequena vantagem portuguesa: 35400 palavras portuguesas, 34400 brasileiras. Porquê? Porque de Portugal ainda não nos chegou nenhum texto com menos de 10 mil palavras, ao passo que vindos do Brasil já são vários os que não atingem as 3 mil.

Aí vão oito

22 julho 2005

Continuamos a receber submissões a bom ritmo, muito embora as mais recentes tenham tendência a ser mais pequenas que as primeiras (por paradoxal que pareça). Somam agora oito e dariam, se fossem todas publicadas, um livro com mais de 180 páginas. Parece já ser claro que não será a quantidade bruta de material que irá criar obstáculos à concretização do projecto, mas continuamos à espera de bastante mais ficção de alta qualidade.

Será a sua uma dessas ficções, leitor?

À segunda semana, as submissões sobem para cinco

15 julho 2005

Duas na primeira semana, mais três na segunda semana, temos agora tantas submissões quantas as que eu imaginava que viríamos a ter no início de Agosto. As novas são uma noveleta e dois contos, o que faz com que, se fossem todas publicadas, essas cinco histórias ocupariam quase 150 páginas. Já dá livro. Mas queremos mais, muito mais. O ideal seria termos material para cerca de 300 a 400 páginas, e bem distribuído entre os vários subgéneros da literatura fantástica.

Também nisso as coisas vão correndo bem: temos uma história de ficção científica, uma de horror, uma fantasia arturiana e duas histórias alternativas.

Agora, estamos a avaliá-las. Ainda nem todas foram lidas pelos dois editores, de modo que se mantêm todas em consideração. Mas que isto vai correndo bem, vai.

Anúncio dos Seleccionados

12 julho 2005

Foi entretanto confirmado pelo Rogério Ribeiro, co-coordenador do Fórum Fantástico 2005 e da associação Épica, que haverá lugar no dito evento para a apresentação da lista de contos seleccionados.

Esperemos também a vossa presença.

Caros autores, vamos trabalhar assim

09 julho 2005

Que podem os autores esperar depois de nos submeterem os seus trabalhos? Que tipo de feedback receberão?

Para começar, pouco depois de recebermos uma submissão um de nós contactará o autor a dar conta desse facto. Se um autor não receber nenhuma comunicação nossa dois ou três dias depois de nos ter enviado o seu trabalho, deverá voltar a contactar-nos para ter certeza de que ele não se extraviou.

Depois segue-se o trabalho de avaliação. Aqui, podem acontecer três coisas: ou o trabalho não é aprovado, ou é aprovado, ou permanece em consideração.

As notas sobre a não aprovação de trabalhos podem ser enviadas em qualquer altura, e de certeza que os primeiros autores a terem notícias definitivas nossas serão aqueles cujos trabalhos não farão parte da antologia. Quanto às aprovações, só muito perto do fim do processo de selecção enviaremos as primeiras, porque a aprovação final de um determinado trabalho depende não só da sua qualidade intrínseca mas também da comparação com outros trabalhos, quer no que diz respeito à qualidade, quer no que tem a ver com outros factores, como o tema, a abordagem, o género, etc.

Assim, até que comecem a ser enviadas as primeiras aprovações definitivas, a inexistência de notícias nossas depois do primeiro contacto é uma boa notícia: significa que o vosso trabalho ultrapassou o primeiro crivo.

Boa sorte.

Começamos bem

Nunca cheguei a partilhar esta preocupação com o Luís, mas uma das inquietações que tive quando surgiu a ideia de abrirmos este blog era onde arranjar material para o ir alimentando enquanto não houvesse submissão de textos à antologia. Isto porque eu contava que recebêssemos muito poucos originais em Julho e Agosto e que o grosso da produção nos chegasse só em Setembro.

Ainda é possível que as coisas se venham a passar assim, mas para já o arranque ultrapassou as minhas expectativas mais optimistas: na primeira semana recebemos duas submissões, ambas noveletas, somando cerca de 70 páginas. Melhor: ambas, depois de lidas pelos organizadores, permanecem em consideração. Que significa isso? Vejam o próximo post sobre a metodologia de trabalho que adoptámos.

Documento de Intenções para a Criação de uma nova Antologia de Literatura Fantástica Moderna

01 julho 2005

Convite aos Autores

O Quê

Uma nova Antologia de contos e novelas de literatura fantástica moderna da língua portuguesa, lida por elfos e extraterrestres, recheada de aventuras mágicas no reino das leis da física, polinsaturada com dispositivos mecânicos e unicórnios, a transbordar de feitiços e manuais de instruções, que sobreviva em atmosferas pesadas de noventa gravidades e lagos de metano, que se reproduza autonomamente na presença de papiro, e cujo Primeiro Contacto se faça no derivado lusitano do latim.

Porquê

Porque a literatura fantástica lusófona precisa de um espaço para espreguiçar - um espaço em que o tamanho não seja problema e as histórias não sejam contadas à pressa. Porque acreditamos na capacidade de invenção na língua de Viriato (embora Viriato não a falasse, mas vocês entendem…). Porque um autor não consegue fazer-se ouvir apenas na internet, e o livro físico ainda tem presença. Porque é preciso juntar autores e leitores. Porque queremos tornar-nos num hábito.

Quem

Na base da organização estão as revistas electrónicas E-nigma e TecnoFantasia.com, editadas, respectivamente, por Jorge Candeias e Luís Filipe Silva, ambos autores e ambos com experiência no género literário em questão e na área da edição.

A publicação em livro será efectuada por uma editora parceira, ainda em processo de identificação.

Como

A antologia será constituída pelas obras de Ficção que nos sejam submetidas por Vós, Autores de qualquer nacionalidade, escritas em língua portuguesa, totalmente inéditas no momento da submissão e até ao momento de publicação da Antologia (ou seja, não publicadas nem aguardando publicação em nenhum outro veículo literário, incluindo edições de autor, revistas ou sites electrónicos, revistas de especialidade, fanzines, boletins de instituições de ensino, audiolivros ou semelhantes), que abordem e respeitem o espírito do Fantástico Moderno nas suas várias manifestações (Ficção Científica, Fantasia, Fantástico, Terror, Horror, Realismo Mágico, Surrealismo, História Alternativa, Ciberpunk), e cuja dimensão se encontre entre as 3000 e as 18 000 palavras.

Os Autores podem apresentar várias obras, sendo no entanto seleccionada preferencialmente a que os Editores considerarem a mais adequada à Antologia; em casos excepcionais em que a qualidade justifique, os Editores poderão seleccionar uma obra adicional do mesmo Autor, mas nunca mais do que duas. Para a aplicação desta regra, considera-se como Autor o conjunto dos reais e efectivos elementos que deram origem à obra, independentemente do pseudónimo ou heterónimo escolhido (explicitando, se a pessoa A apresenta obras em seu nome e também com o pseudónimo B, mas que em ambos os casos foi a única responsável pela criação, as obras são consideradas como pertencendo a um único Autor; pelo contrário, se apresenta uma segunda obra que escreveu em colaboração com X, este novo conjunto A+X é considerado como um Autor distinto de A e de X).

Quando

O prazo de recepção de originais termina a 30 de Setembro de 2005. O anúncio das obras seleccionadas será efectuada nas revistas electrónicas organizadoras e (aguarda confirmação) no decorrer do Fórum Fantástico 2005. A publicação em livro não será efectuada antes de 2006.

Onde

Os textos devem ser submetidos em formato electrónico, para os seguintes endereços (por favor utilizem ambos no mesmo envio, para que se possa minimizar perdas por problemas informáticos): antologia@tecnofantasia.com e antologia@ficcao.online.pt.

Os textos devem constituir um anexo em formato "plain text" (.txt), "rich text format" (.rtf) ou "print document format" (.pdf). Não serão aceites submissões enviadas em outros formatos.

As obras deverão ser enviadas obrigatoriamente com a identificação completa do(s) autor(es): nome completo, nome literário, morada, número de bilhete de identidade (ou equivalente no país de origem), telefone de contacto, e-mail(s).

Consoante

Os Editores entendem que devem expor com clareza:

• que a presente iniciativa não se trata de um concurso nem tem como objectivo a remuneração directa das obras ou dos Autores por meio de prémios ou galardões das obras seleccionadas;

• que os Autores não estão a ceder os direitos das obras submetidas e são livres de, a qualquer momento do processo previamente ao anúncio da selecção, cancelarem toda ou parte da submissão;

• que as decisões dos Editores sobre a escolha e aceitação final das obras que farão parte integrante da Antologia será somente sua, e não poderá ser contestada por quaisquer outros elementos, reservando-se os Editores no direito de procurar aconselhamento junto de entidades terceiras se considerarem relevante;

• que a falta de qualidade de obras apresentadas em número suficiente nos prazos indicados poderá conduzir os Editores a alterar parte ou todas as condições aqui apresentadas, ou mesmo à suspensão ou cancelamento da iniciativa da Antologia;

• que os Editores não se obrigam a explicar em fórum publico nem privado as razões subjacentes à selecção ou exclusão de qualquer das obras, sendo apenas da sua iniciativa a decisão desta explicação e apenas para as obras que no seu entender considerarem relevantes;

• que os Editores irão envidar os seus melhores esforços para a concretização da presente iniciativa, mas que não podem oferecer garantias que aconteça, quer nos prazos indicados quer de todo, podendo ser obrigados a suspendê-la ou cancelá-la a qualquer momento por motivos de força maior (sem prejuízo de, com o acordo expresso dos Autores, os Editores procurarem conseguir a publicação da Antologia em veículos alternativos);

• que a publicação efectiva da Antologia em formato papel implicará a realização de um acordo, remunerado, com os Autores das obras seleccionadas, em troca da cedência de direitos, em situação de igualdade de critérios e transparente para todos os elementos directamente envolvidos, sendo cada Autor livre de recusar em caso de discordância;

• que a submissão de obras implica, automaticamente e por omissão, que o Autor leu, entendeu e concorda com as condições aqui apresentadas.

Palavras Finais

Este é um projecto de todos os que se interessam pelo crescimento da literatura fantástica em português para todos os que querem fazer algo por isso. Logo, não pode nem deve ficar circunscrita a si mesma nem aos Editores, que nada mais fazem que o papel de orientar e dinamizar. Outras iniciativas de relevo têm contribuido nos ultimos anos para incentivar a leitura e escrita, entre colecções, editoras, fanzines, websites e conferências. Mais existirão. Este é afinal um convite à participação de todos, pois só assim a Antologia chegará a bom porto. Façam-nos sugestões. Apresentem ideias concretas para a melhoria do projecto. Utilizem os mails indicados, ou os mails das revistas. E esperemos que, no próximo ano, possamos voltar a lançar este desafio.

Os Editores

Luís Filipe Silva
Jorge Candeias

Antes da primeira pedra, dá-se uma camada de cimento

25 junho 2005

Este é o primeiro post do mais novo blogue português dedicado à ficção científica e ao fantástico. Ou melhor: a um projecto específico dentro da ficção científica e do fantástico, o projecto de uma antologia de contos e novelas que possamos mostrar com orgulho e dizer a quem nos quiser ouvir Vêem? Nesta língua também sabemos fazer as coisas bem feitas!.

É, então, um blogue com prazo de validade, perguntarão, nascido no momento em que o projecto arranca e destinado a morrer no instante em que ele se concretiza? Sim, na medida em que todos os blogues (tudo o que é humano, afinal) têm prazo de validade. Mas se as coisas correrem conforme desejamos, este blogue manter-se-á vivo durante muitos anos, à medida que um livro se suceda ao anterior e depois desse outro venha.

Mas como, e quando, e com quem, perguntarão, e até talvez porquê? Ah, mas isso já são os detalhes. E para os detalhes, terão de esperar pela apresentação de todo o projecto. Não terão de esperar muito, é a promessa que podemos fazer para já.