O tamanho conta?

10 agosto 2005

Para fazer boa literatura não é o tamanho dos textos que conta, é o que se faz com eles. Ou deles. Se conhecem esta frase de outros contextos, estarão familiarizados com o conceito e provavelmente estarão nesta altura com um sorrisinho a querer despontar na boca. Mas no entanto...

No entanto, nós no documento de intenções / regras com que abrimos este blog definimos um tamanho mínimo e um tamanho máximo para as histórias que procurávamos. Porquê?

Os limites de 3000 e 18000 palavras não foram escolhidos por acaso. Por um lado, havia que conter dentro de limites razoáveis cada um dos textos, a fim de evitar que um único autor nos propusesse um texto grande demais, capaz de dominar a antologia e, consequentemente, os trabalhos dos restantes autores. Surgiu assim o número de 18 mil palavras (que corresponde, grosso modo, a 55 páginas). Por outro lado, queríamos que os contos fossem mais elaborados e desenvolvidos do que o que se tem tornado habitual na literatura fantástica lusófona, com uma grande quantidade de textos curtos e alguma escassez de trabalhos mais compridos, que até se tende a acentuar nesta era de blogues e leitura rápida. Daí o limite de 3 mil palavras (ou cerca de 10 páginas).

Não quer isto dizer que iremos ser fundamentalistas e que rejeitemos de imediato tudo o que não tiver tamanho que nos agrade. De modo algum: quem quiser submeter à nossa consideração trabalhos cuja dimensão os coloque fora daqueles valores, pode fazê-lo à vontade. Mas, precisamente porque escolhemos aqueles limites por razões que nos parecem válidas, é muito provável que acabemos por não aceitar trabalhos que se afastem muito deles, a menos que nos apaixonem.

Ou seja: não respeitar as dimensões que pretendemos é uma opção legítima mas arriscada. E torna-se cada vez mais arriscada à medida que as dimensões do trabalho se afastem das pretendidas.

Dito por outras palavras: para certas coisas o tamanho até que acaba mesmo por contar.

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