Mais um, menos quatro

26 agosto 2005

A semana passada foi a semana das primeiras decisões sobre a não permanência no processo de selecção de quatro dos contos submetidos até agora. Foi também a semana em que nos chegou o primeiro trabalho escrito a quatro mãos, por sinal a única submissão da semana.

Ou seja, feitas as contas, temos agora em selecção 19 trabalhos que, caso fossem todos publicados, dariam um volume com cerca de 430 páginas, isto é, quase 140 mil palavras. Pode parecer muito, mas queremos mais, muito mais!

Só, só, só mais um!

20 agosto 2005

Esta semana recebemos apenas um conto. Com Agosto a levar os portugueses para outras praias, têm sido apenas brasileiros a contribuir nas últimas semanas, o que nós já esperávamos que acontecesse. Contamos voltar a receber material português em quantidade lá para Setembro, mas se alguém por aí estiver a pensar mandar-nos coisas em Agosto não se acanhe.

Tencionávamos tomar já esta semana as primeiras decisões, mas as coisas atrasaram-se um pouco e só iremos conseguir fazê-lo na próxima. Assim, os números continuaram a crescer e temos agora em avaliação 22 trabalhos que, se fossem todos publicados, teriam como resultado um volume de 440 páginas. Autores são menos: já houve três que nos enviaram três contos cada (lembrem-se que não há limite para os contos submetidos à nossa avaliação; só para os que serão efectivamente publicados. Podem submeter quantos quiserem), um enviou-nos dois e os restantes enviaram-nos um trabalho cada. Ainda não recebemos nenhuma colaboração.

Para terminar por hoje, vou acenar com uma cenoura a quem escreve outras coisas para além de ficção científica. Já aqui disse que temos recebido muito mais FC do que material de outras áreas do fantástico e que nós gostaríamos de construir uma antologia equilibrada, não é verdade? Pois bem, uma das maneiras possíveis de olhar para esta informação é: "ah! A concorrência nas outras áreas é mais pequena!"

Voltámos ao normal

13 agosto 2005

Depois daquela erupção de submissões da semana passada, voltámos ao normal e tivemos esta semana mais três, que elevaram os totais de material que temos em avaliação a 21 submissões, mais de 130 mil palavras e quase 420 páginas. Prevemos que em breve iremos começar a tomar algumas decisões quanto à manutenção, ou não, de alguns destes contos no processo, de modo que é possível que no fim da próxima semana estes números estejam mais reduzidos.

Por outro lado, também é possível que estejam mais elevados. Basta para isso que vocês nos continuem a enviar bastante material...

O tamanho conta?

10 agosto 2005

Para fazer boa literatura não é o tamanho dos textos que conta, é o que se faz com eles. Ou deles. Se conhecem esta frase de outros contextos, estarão familiarizados com o conceito e provavelmente estarão nesta altura com um sorrisinho a querer despontar na boca. Mas no entanto...

No entanto, nós no documento de intenções / regras com que abrimos este blog definimos um tamanho mínimo e um tamanho máximo para as histórias que procurávamos. Porquê?

Os limites de 3000 e 18000 palavras não foram escolhidos por acaso. Por um lado, havia que conter dentro de limites razoáveis cada um dos textos, a fim de evitar que um único autor nos propusesse um texto grande demais, capaz de dominar a antologia e, consequentemente, os trabalhos dos restantes autores. Surgiu assim o número de 18 mil palavras (que corresponde, grosso modo, a 55 páginas). Por outro lado, queríamos que os contos fossem mais elaborados e desenvolvidos do que o que se tem tornado habitual na literatura fantástica lusófona, com uma grande quantidade de textos curtos e alguma escassez de trabalhos mais compridos, que até se tende a acentuar nesta era de blogues e leitura rápida. Daí o limite de 3 mil palavras (ou cerca de 10 páginas).

Não quer isto dizer que iremos ser fundamentalistas e que rejeitemos de imediato tudo o que não tiver tamanho que nos agrade. De modo algum: quem quiser submeter à nossa consideração trabalhos cuja dimensão os coloque fora daqueles valores, pode fazê-lo à vontade. Mas, precisamente porque escolhemos aqueles limites por razões que nos parecem válidas, é muito provável que acabemos por não aceitar trabalhos que se afastem muito deles, a menos que nos apaixonem.

Ou seja: não respeitar as dimensões que pretendemos é uma opção legítima mas arriscada. E torna-se cada vez mais arriscada à medida que as dimensões do trabalho se afastem das pretendidas.

Dito por outras palavras: para certas coisas o tamanho até que acaba mesmo por contar.

Das Subtilezas de Construção de uma Antologia

09 agosto 2005

Organizar as histórias de uma antologia é um equilíbrio delicado. É como organizar um espectáculo com cenas e sequências diversas. Música e drama e comédia e apresentações devem suceder-se num fluir orgânico que seja diversificado e faça sentido – a próxima contribuição acrescentando às contribuições anteriores ou negando-as. O objectivo é aumentar a perspectiva, como quem retrocede num plano e se começa a orientar, pela adição de elementos congruentes que concebam uma meta-história, uma ficção das ficções, e revele o fim ulterior do compêndio.

Organizar as histórias de uma antologia que se pretendam originais, de tema livre, com autores de estilos e crenças face ao género fantástico diferentes e contudo comungando da mesma partilha (ou como diria um amigo meu, pergunte-se a uma sala cheia de cristãos as definições de fé e obteremos uma diferente por cada indivíduo), é um desafio acrescido, se nem sequer considerarmos que entre os organizadores estas diferenças irão existir.

Organizar uma antologia é afinal como escrever um romance.

Com esta antologia, não basta dizer que é portuguesa. Não basta dizer que tem de ser, vincadamente, de ficção científica, fantástico, terror, história alternativa, etc – porque poderemos estar a excluir histórias excelentes pelo processo. Não basta dizer que as histórias têm de estar bem escritas e ter enredo – porque ideias boas poderão estar a ser ignoradas. Não basta dizer que utilizaremos o bom senso na escolha final – porque o bom senso engana e pode levar a escolher histórias que ficariam melhor numa qualquer outra antologia. Não basta ter uma ideia genérica – tem de ter-se uma visão específica e muito focada.

Ou seja, o caminho trilhado até aqui tem de ser esquecido. Estamos em território absolutamente novo.

Quando iniciámos a senda, era com o objectivo de descobrir a antologia revolucionária do género em Portugal. Revolucionária no sentido em que nos revelará como mais próximos do século XXI do que jamais estivemos. Que nos dirá irmãos de uma Europa que nos temos esforçado por alcançar e correr ao lado. Que mostrará finalmente autores capazes e conscientes de histórias não umbiguistas e não imitadoras directas do modelo anglo-saxónico. E que esta influência se expande além-Atlântico numa aliança pan-linguística.

Nesse sentido, há que adoptar determinadas regras:
1. A ideia deve ser original ou ser apresentada segundo uma perspectiva nova
2. A ideia é obviamente imprescindível
3. A ideia não basta – tem de ser vestida com uma história humana, interessante, explícita, desenvolvida, e madura.
4. Experimentalismos são bem-vindos, mas só se bem sucedidos.

Fantasias celtas? Nem ver! Space-operas com tecnologia feita a martelo e teorias científicas de pastilha-elástica? Lixo! Personagens unidimensionais que não acrescentam nada à história? Riscar! Parágrafos longos e pachorrentos de exposição da ideia do mundo? Destruir! Enredo contraditório e inconsequente? Querias! Estilo de pré-primária do tipo «ele pôs-se de pé e olhou em volta e pensou, Mas que rica manhã no planeta Diógenes»? Voltem prá escola! Nomes de personagens com números?! Pena capital!

Se o conto que acabaram de escrever resultou de uma primeira inspiração, rasguem-no e escrevam de novo. A sério. Usem agora a perspectiva do personagem que menos vos agradou (mas façam-no como se fosse o vosso preferido). Comparem os resultados (vão ficar surpreendidos). Rasguem e façam de conta que estão a contar o mesmo a alguém que está sempre a questionar o que dizem (pensem que contam a crianças) «mas porquê?», «ele fez isso com que razão?», e respondam às questões (vão perceber os buracos), fazendo a pesquisa suplementar necessária. No fim rasguem e contem finalmente a história. Neste ponto já a terão contado tantas vezes que a sabem da memória e vai-vos sair fluida, sem medos ou tropeções, como a história que Mr. Orange conta nos Cães Danados. Vão contá-la de memória, como contam um episódio da vossa vida: confuso nas causas e consequências, mas articulado, com coerência interna. Verídico.

Este desafio é perigoso porque pode assustar os mais impressionáveis. Não deixem que aconteça. Abracem o desafio e surpreendam-nos.

Lembrem-se que o prazo não acabou. Nada está decidido (aparte alguns contos que já sabemos que não farão parte da versão final). Ninguém foi ainda verdadeiramente escolhido.

A bola está do vosso lado.

Uau!

05 agosto 2005

É a única palavra possível para o que se passou na última semana: a quase duplicação (isto tem de ir em negrito) do material que temos em avaliação.

Temos agora "em carteira" 18 trabalhos que, caso fossem todos publicados, dariam um volume de quase 380 páginas! Isto corresponde a mais de 120 mil palavras, a 12 autores e garante em definitivo que não será por falta de material que não concretizaremos o projecto.

Quanto aos géneros e subgéneros...

Bem, as coisas estavam mais ou menos dispersas até esta semana, mas como quase tudo o que recebemos recentemente tem sido ficção científica, este género está a destacar-se dos outros. Concretizando, temos agora:

- 8 trabalhos de ficção científica
- 4 trabalhos de terror / horror
- 2 trabalhos de história alternativa
- 1 trabalho de fantasia arturiana
- 1 trabalho surrealista
- 1 trabalho de viagem no tempo "mágica"
- 1 trabalho que parece FC mas não é

Como gostaríamos de fazer uma antologia equilibrada em termos de áreas do fantástico, esta preponderância da FC não nos agrada particularmente e apelamos aos autores que se sintam à vontade noutras áreas para submeterem mais.

Isto não quer dizer, no entanto, que nos devem deixar de enviar FC, longe disso: continuamos a contar com mais e ainda melhores textos de todos os géneros, porque só assim poderemos fazer uma antologia tão boa e completa como nos propusemos fazer.

Força nesses teclados!